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Crédito externo encarece e diminui

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Desde agosto do ano passado, custo já subiu 50%, enquanto o prazo caiu pela metade.

O crédito externo, para o Brasil, ficou mais caro e os prazos, mais curtos, como produto da crise que começou em agosto de 2007 e está levando ao colapso do sistema financeiro americano. Se no ano passado o país conseguia empréstimos por 3 a 5 anos, hoje eles não ultrapassam o prazo de 2 anos e estão, para empresas de primeira linha, pelo menos 50% mais caros.

Não há, por enquanto, riscos de rolagem para os financiamentos que estão vencendo, mas depois do agravamento da situação externa, com o pedido de concordata do Lehman Brothers, a área econômica do governo prevê nova rodada de aperto do crédito externo.

Os efeitos do tenso dia de ontem ainda deverão ser sentidos por um mês. Na avaliação do governo, as primeiras reações dos mercados de ações, juros e câmbio, no Brasil, foi até relativamente “tranqüila”. Houve queda de liquidez mas, na visão oficial, não houve aversão ao risco.

“A situação é muito grave e muito difícil ” mas, em termos relativos, “ o Brasil nunca esteve tãobemposicionado”, sublinham os principais assessores da área econômica do governo. Há o receio de que esta crise, mais profunda e duradoura do que se imaginava no início, provoque uma quebradeira em cadeia no sistema financeiro americano e não há sinais de que o governo americano esteja pensando em medidas mais estruturais.

“Estamos num ponto em que o que há é uma batalha diária para decidir quem salvar e quem não salvar, no limiar do que é ‘moral hazard’ (risco moral) e o que não é ‘moral hazard’. Muitos vão ficar pelo caminho e outros vão ganhar muito dinheiro”, conforme analisou um economista oficial que está acompanhando o dia a dia da crise. No fim do processo, que ninguém sabe quando ocorrerá, o sistema deverá ter uma nova configuração. Ontem, por exemplo, as ações do Bank of America caíram cerca de 20% por este ter adquirido a Merrill Lynch, mas essa aquisição fará do banco uma instituição muito mais forte do que é hoje.

A redução da exposição dos bancos a créditos de risco (desalavancagem) que o sistema financeiro americano já fez e que ainda deverá fazer por mais um ano, o Japão gastou dez anos para realizar, num processo que lá durou praticamente toda a década de 90.

O mundo está presenciando, conforme observou um outro economista do governo, uma verdadeira “destruição criativa”, a exemplo que Joseph Alois Schumpeter, um dos grandes economistas do século passado, procurou demonstrar, a partir da tese de que o sistema capitalista progride por uma constante revolução da sua estrutura econômica. Novas empresas, tecnologias e produtos substituem os velhos, num processo que ocorre aos trancos e barrancos, mas que leva a economia capitalista a viver seus ciclos de crescimento e implosão. “É a destruição criativa em plena ebulição”, comentou a fonte, ao encerrar o dia acompanhando os mercados internacionais e doméstico.

O governo até namorou, mas não chegou a ficar noivo da tese do descolamento (“decoupling”) do país em relação ao resto do mundo, até porque haveria o contrapeso da China e dos demais países emergentes à desaceleração americana, japonesa e européia. Custo haverá e será contabilizado em desaceleração do produto. Mas esta é a primeira vez na história do Brasil que uma crise, sendo esta de proporção só comparável à Grande Depressão de 1929, não resulta em falência do país, ressaltaram as fontes oficiais. Medidas novas, internamente, não se fazem necessárias agora, disseram. Cabe área econômica, agora, fazer as contas de qual será o impacto, aqui, de um menor crescimento mundial.

Valor

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Written by gandalfwizard

16 de setembro de 2008 às 09:49

Publicado em Crédito, Financiamento, Juros

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