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Empresas recorrem aos acionistas através de colocações privadas

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Com o mercado de capitais fechado para novas operações e a restrição de liquidez no sistema financeiro, que secou as linhas de crédito, restou às empresas brasileiras levantar recursos por meio de emissões privadas de ações, seja com a entrada de sócios estratégicos ou com o dinheiro do bolso dos sócios. A última companhia a adotar essa alternativa foi a Rossi Residencial, que pretende reforçar o capital com R$ 150 milhões.

A emissão privada é direcionada aos atuais acionistas, que são “convidados” a comprar mais papéis, de acordo com a participação de cada um no capital. Quem não adere acaba tendo a participação diluída. Em alguns casos, o controlador abre mão do direito de preferência na operação para a entrada de um sócio estratégico. Foi o que aconteceu com a incorporadora Even, que obteve de investidores institucionais parte dos R$ 150 milhões de seu aumento de capital, no início de setembro.

Na semana passada, a Cosan Limited anunciou o aporte de até US$ 130 milhões da Gávea Investimento, gestora do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e do acionista controlador, Rubens Ometto. A controlada Cosan S.A. também fez chamada de capital entre os acionistas para acertar o pagamento da Esso mas, como ressalta a analista de investimento Kelly Trentin, da SLW Corretora, não há atrativo para adesão do minoritário — já que a empresa pede R$ 16,00 por ação, cotada ontem a R$ 11,39.

Isso pode fazer com que a controladora Cosan Limited exerça integralmente o aporte e reduza a participação dos minoritários de 37,2% para 28,12% do capital social. Analistas de mercado e especialistas têm duas avaliações para as operações: a primeira, mais otimista, é a de que os sócios e investidores que aportaram recursos novos demonstram confiança nas perspectivas para a empresa. O lado negativo é que, por conta das condições de mercado, a capitalização pode ter sido uma solução de emergência e a única saída encontrada para a companhia continuar respirando em meio à tempestade.

Vale lembrar que a Rossi, por exemplo, havia programado uma oferta pública de ações no início do ano, que acabou não sendo realizada por conta da piora das condições de mercado. Agora, a injeção de recursos pode vir integralmente dos controladores. Para indicar ao mercado que a medida não é um “tapa-buraco” momentâneo, o novo diretor de relações com investidores da Rossi, Cássio Audi, convocou analistas em teleconferência para reforçar que o aporte e o caixa atual asseguram o andamento dos projetos.

Segundo o professor de finanças Ricardo Almeida, da Fundação Instituto de Administração (FIA), a emissão privada possui um custo menor para a empresa do que uma oferta pública, por não ter a necessidade de intermediação de bancos de investimento e realização de apresentações a potenciais investidores. “Em momentos de aversão ao risco como o atual, as operações privadas talvez sejam a única maneira de se obter um preço mais justo para as ações.”

O advogado José Eduardo Queiroz, sócio do escritório Mattos Filho, lembra que esse tipo de operação é comum. “Os grandes bancos, por exemplo, costumam oferecer a possibilidade dos acionistas usarem os dividendos para aportar em um aumento de capital”, afirma. O aumento recente do número de emissões está ligado às condições restritas de mercado — amostra disso é o número de ofertas iniciais, quatro este ano, contra 49 no mesmo período de 2007. Mas não se trata, por si só, de um fato negativo, segundo Queiroz. “De um modo geral, se a empresa está conseguindo capital é um bom resultado”, diz.

Com relação à decisão do acionista de acompanhar ou não o aumento de capital, Queiroz afirma que se trata de uma opção de investimento como outra qualquer. “Para quem acredita nas perspectivas da empresa, o investimento continua fazendo sentido”, explica. Em certos casos, a entrada de um sócio estratégico pode ser positiva não só do ponto de vista financeiro, mas sinal de confiança de um investidor com boa reputação no mercado. Exemplo disso foi a injeção de US$ 5 bilhões do megainvestidor Warren Buffett no Goldman Sachs, e outros US$ 3 bilhões na General Electric.

Operações de emissão privada de ações, desde julho Sauípe, Cent. Corumba, Baumer, João Fortes, Cent Amapá, Marfrig, Energias BR, Excelsior, Cosan, Even, Rossi.

Gazeta Mercantil

Link: Empresas recorrem aos acionistas

Written by gandalfwizard

14 de outubro de 2008 às 06:10

Publicado em Cosan, Emissão, Rossi

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