Bancos médios compensam crédito com taxa
Os balanços dos bancos médios no terceiro trimestre de 2008 já mostram efeitos das turbulências do mercado. Apesar disso, até agora, ainda não há prejuízos no setor, embora alguns, como o Pine, o Sofisa, o Paraná Banco e o Daycoval , tenham registrado um crescimento menor que no segundo trimestre deste ano.
Além disso, o sistema está verificando uma desaceleração no crédito, compensada por uma melhora geral nos spreads cobrados. À exceção do banco Pine, todos apuraram incremento no saldo da carteira em relação ao período de abril a junho.
A instituição julga que manter o atual patamar da carteira de crédito, de R$ 4,8 bilhões no quarto trimestre do ano será um bom cenário. A queda em relação ao segundo trimestre foi de 4%. Segundo o vice-presidente financeiro do Pine, Clive Botelho, isso se deve a uma mudança na estratégia da instituição, que está buscando uma participação cada vez menor do consignado e maior concentração no middle market.
O banco admite ainda ter feito uma cessão de carteira de crédito consignado em outubro, no valor de R$ 36 milhões, que "já estava em discussão antes das medidas do BC", assegura Botelho.
A instituição apurou lucro líquido de R$ 33,4 milhões no trimestre, contra R$ 43,8 mi no segundo terço do ano, uma queda de 23,7%. Nos nove meses do ano, o lucro líquido acumulado é de R$ 118,6 milhões, ante R$ 115,5 milhões em igual período do ano passado, um aumento de 2,6%.
O executivo ainda julgou oportuno o anúncio do BC de que faria leilões de linhas de trade finance. uma vez que vê essa linha como fundamental. "Teríamos possibilidade de entrar no leilão com valor entre US$ 150 milhões a US$ 200 milhões", diz o vice-presidente. O total do banco nessa modalidade é de US$ 230 milhões.
O lucro líquido do banco paranaense no terceiro trimestre do ano teve uma baixa de 24% em relação ao período de três meses anterior, de R$ 21,3 mi para R$ 19 milhões. Em relação ao mesmo período de 2007, a queda foi de 10%. Já no acumulado do ano, o lucro chega a R$ 68 milhões, um incremento de 28% em relação ao período de 2007.
O diretor do Financeiro e de Relações com Investidores do Paraná Banco, Luiz César Miara, atribuiu a queda de 45,4% no resultado bruto de intermediação financeira, de R$ 84 milhões no terceiro trimestre de 2007, para R$ 45,9 milhões em igual período deste ano, ao aumento do volume de captação por meio de depósito a prazo, assim como à exposição cambial. "Tínhamos US$ 25 milhões em exposição devido a captações que fizemos no mercado externo. Deste total, tínhamos hedge [proteção] para US$ 10 milhões", explica Miara, que acredita em uma desvalorização do dólar em outubro para reduzir a perda sofrida.
Ele salienta também que o banco está muito líquido, uma vez que possui índice de Basiléia de 49% e concentração do crédito em carteira de consignado, "muito fácil de vender". Sobre a demanda por crédito, o diretor disse que há uma redução devido à crise, mas também atribui essa queda à precificação do dinheiro (spreads mais altos). "Estamos precificando a falta de liquidez e pagando menos comissões, por exemplo. Isso também restringe a demanda naturalmente." Em relação às operações da JMalucelli e da JMalucellli Re, Miara conta que a análise de risco é constante e se aprofunda em meio à crise.
No banco Sofisa, a queda do lucro líquido do segundo trimestre para o terceiro chegou a 32%, totalizando R$ 21 milhões no período ante R$ 25,5 milhões no segundo terço de 2008. No acumulado até setembro, o total foi de R$ 76,9 milhões, 19% superior ao verificado no mesmo período de 2007.
A carteira de operações de crédito da instituição totalizou R$ 3,4 bilhões no último trimestre, 6,9% acima dos R$ 3,2 bilhões do trimestre anterior e 57,2% superior aos R$ 2,2 bilhões do mesmo período de 2007. O resultado bruto da intermediação financeira atingiu R$ 66,3 milhões de julho a setembro, uma retração de 28,1% comparado ao segundo trimestre. Segundo comunicado, a queda se deve ao aumento do custo de captação no período.
A redução de 24,6% no lucro líquido do banco Daycoval neste trimestre, ante o anterior, para R$ 47,1 milhão, se justifica por um prejuízo de tesouraria que chega R$ 15 milhões, resultado da exposição do banco à moeda estrangeira. Segundo o diretor executivo e de Relações com Investidores do banco, Morris Dayan, 90% de suas operações possuem hedge. "Pretendemos reverter esse quadro e completar a proteção quando o mercado melhorar", diz o executivo.
Na carteira de crédito, o diretor acredita que a estratégia de se tornar mais conservadores na originação e a redução de volumes, será compensada por um incremento no spread. Dayan diz ainda que o foco do banco é reduzir o o tíquete médio e diversificar a carteira de middle market.
A carteira do banco alcançou R$ 4,6 bilhões no trimestre, crescimento de 3% frente ao período de abril a junho. O banco ainda confirmou haver cedido uma carteira no valor de R$ 100 milhões, "apenas para mostrar ao mercado que sabemos fazê-lo se necessário".
O ABC confirmou que o seu controlador, o Arab Bank Corporation, abriu novas linhas de crédito para manter sua liquidez no País, que chegam a US$ 150 milhões, retirados. "Isso mostra o suporte do controlador", diz o vice-presidente executivo Sérgio Jacob. As captações no exterior do banco respondem por 40% do total. O banco teve um lucro líquido de R$ 48,4 milhões, crescimento de 11,5% no terceiro trimestre frente ao período anterior.
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