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Petrobras deve manter preços da gasolina

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Com o tombo do preço do petróleo nas últimas semanas, as cotações dos combustíveis ficaram bem mais altas no Brasil do que no mercado internacional, mesmo com o dólar na casa de R$ 2,30. Estimativas da MCM Consultores apontam que na refinaria a gasolina estava, na segunda-feira, 31,4% mais barata na região americana da costa do Golfo do México do que no Brasil. No caso do óleo diesel, o número era de 5,5%.

Apesar da magnitude da diferença no caso da gasolina, o consumidor não deve esperar uma queda dos preços do combustível no curto prazo. Os analistas lembram que a política da Petrobras para os dois derivados do petróleo é de corrigir discrepâncias entre cotações internas e externas apenas quando elas se mantêm elevadas por um longo período de tempo. Pelos cálculos da MCM, a gasolina começou a ficar mais cara no Brasil do que lá fora em 9 de outubro. O diesel só se tornou mais caro aqui do que no exterior no dia 27.

"A Petrobras costuma esperar que um novo patamar de preços se consolide por um prazo mais longo", diz a economista Basiliki Litvac, da MCM, que não trabalha com quedas nos preços neste ano. Para 2009, ela considera possível um corte nas cotações, caso a diferença continue significativa. Basiliki lembra que cerca de 70% a 80% das reduções de preços nas refinarias costumam chegar ao consumidor, acrescentando que uma queda de 10% da gasolina na bomba implica um recuo de 0,42 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O economista Luís Fernando Azevedo, da Rosenberg & Associados, tampouco acredita que a empresa vai baixar os preços no curto prazo. A última vez que a empresa alterou as cotações foi em maio deste ano, quando a gasolina subiu 10% e o diesel, 15%, mas depois de um longo período em que os preços internos ficaram defasados em relação aos externos. Para compensar o impacto ao consumidor, o governo reduziu a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). De março de 2007 até início de outubro de 2008, a gasolina ficou quase todo o tempo mais barata no Brasil do que lá fora.

Azevedo diz ainda que há muita instabilidade no petróleo e no câmbio nas últimas semanas, o que torna complicado definir qual o nível mais adequado para a gasolina e o óleo diesel. Em julho, o petróleo WTI chegou a ser negociado próximo a US$ 150 o barril. Nos últimos dias, o produto caiu para a casa de US$ 50. O dólar, que atingiu R$ 1,559 no começo de agosto, fechou ontem a R$ 2,325. O analista de investimentos Lucas Brendler, do banco Geração Futuro, diz que não deverá haver mudanças nos preços nos próximos quatro a seis meses, uma vez que a política declarada da empresa é não transferir a instabilidade do mercado externo para o interno.

Nos últimos trimestres, o dinheiro em caixa da Petrobras diminuiu, mas os analistas não acham que isso seja um motivo para impedir um corte nos preços. Segundo Brendler, as disponibilidades financeiras estavam em R$ 10,8 bilhões no terceiro trimestre, 23,9% abaixo dos R$ 14,2 bilhões no mesmo trimestre de 2007.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, diz que o atual patamar de preços dos combustíveis no Brasil é fruto da política da estatal de não repassar a volatilidade de outros países para o mercado doméstico. Segundo ele, no terceiro trimestre do ano a companhia reduziu o lucro das operações antes do resultado financeiro (ou Lajida) porque não repassou para o diesel, gasolina e querosene de aviação o preço do petróleo no mercado internacional. Barbassa afirma que uma das razões que levaram a companhia a reduzir seu caixa no último trimestre foi justamente a importação de derivados a preços maiores que os de venda no mercado doméstico.

"O abastecimento importou diesel, GLP e gasolina e vendia no Brasil a preços menores do que estava pagando lá fora. Foi necessário pegar dinheiro do caixa", diz o diretor, lembrando que entre julho e setembro o preço do diesel disparou depois do aumento de 15% no preço em maio. "Essa é a nossa política de preços. Nesse momento estamos invertidos. Naquele momento eu importava e vendia por um preço menor, estava consumindo o caixa da companhia e também pagando contribuições como a Participação Especial por um preço internacional que tinha ido a US$ 147." O preço recorde de US$ 147 foi atingido em julho, mas no terceiro trimestre era vendido no Brasil a um preço equivalente a US$ 110, na média.

A analista Mônica Araújo, da Ativa Corretora, considera que a empresa deverá continuar com uma geração de caixa expressiva, ainda que haja uma correlação forte com os preços do petróleo. Para ela, se houver redução dos preços na refinaria, a empresa pode encontrar outras fontes de captação de recursos. "A empresa tem condições de ir a mercado para frente às suas necessidades de capital", diz Mônica. Ela considera que a Petrobras possui dinheiro suficiente para esperar até meados do ano que vem para acessar o mercado.

Enquanto os preços da gasolina e do diesel tendem a ficar estáveis no curto prazo, as cotações de outros derivados do petróleo já estão em queda, como a nafta No Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de novembro (que mede a inflação do dia 11 de outubro a 10 deste mês), as naftas para petroquímica caíram 19,4%. O preço é definido pela Petrobras na virada do mês. Para dezembro, especialistas acreditam que pode haver mais uma queda, na casa de 20%, considerando as cotações do produto no exterior e um câmbio de R$ 2,30.

Importante insumo, o recuo da nafta representa um alívio de custos na cadeia petroquímica. O IGP-10 também mostrou queda do óleo combustível, de 1,45%. Já o querosene para aviação teve alta de 2,3%, mas as próximas medidas do indicador devem mostrar queda – o produto caiu 7,87% em 1º de novembro, diz Basiliki.

Valor

Link: Petrobras deve manter preços da gasolina

Written by gandalfwizard

26 de novembro de 2008 às 18:06

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