OGX se prepara para captar recursos no exterior

A falta de liquidez no mercado brasileiro por conta da crise financeira internacional tem feito com que as companhias busquem alternativas para atrair recursos fora de seu País de origem. Com isso, a OGX Petróleo e Gás Participações protocolou, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pedido de aprovação do Programa de Global Depositary Receipts Nível 1 da companhia. A decisão já havia sido aprovada em Reunião do Conselho de Administração realizada no dia 25 de novembro do ano passado.

"Esta é uma boa maneira de a companhia mostrar sua força no mercado externo, conseguir se capitalizar e serve também para dar uma consolidada nos negócios", afirma Fernando Goes, analista gráfico da WinTrade, home broaker da Alpes Corretora.

A OGX realizou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), no dia 12 de junho do ano passado, o maior IPO da história da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com montante de R$ 6,7 bilhões. Na ocasião, as ações ordinárias (com direito a voto) da companhia foram vendidas a R$ 1.225 cada, que colocava a empresa com valor de mercado de R$ 35,7 bilhões. Segundo dados da Consultoria Economatica, a companhia do empresário Eike Batista encerrou o mês de janeiro com valor de mercado de R$ 17,7 bilhões, que representa uma desvalorização de 50,42% desde a abertura de capital.

"Todas as companhias perderam com a crise, mas as ações da OGX estão mostrando uma recuperação. É difícil a recuperação do valor de mercado quando uma empresa perde 50%, mas a OGX está mostrando muita força, os papéis no Brasil já deram uma valorizada", explica Fernando Goes.

Segundo Luiz Antonio Fernandes da Silva, professor do curso de administração das Faculdades Integradas Rio Branco, esta é uma forma de financiamento, já que o mercado brasileiro passa por um momento de dificuldades para aprovação de crédito. "A companhia não tem nada a perder com esta operação. Este programa busca obtenção de recursos fora do Brasil. A OGX esta custodiando um lote de ações, em função disso, a companhia recebe em dinheiro como se fosse um financiamento", diz o professor.

Luiz Antonio lembra ainda que a companhia terá de "divulgar suas informações conforme regulamento utilizado no exterior, e a OGX corre o risco de não conseguir o montante que espera na operação. Mas a empresa não tem alternativa", pondera Luiz.

As ações da OGX encerraram o ano de 2008 com valor de R$ 526,01, uma queda de 57% se comparado ao valor de emissão. Nesta segunda-feira, os papéis da companhia fecharam o dia negociados a R$ 556,03, uma elevação de 5,71% no ano e 1,09% no dia.

"Outras companhias também captaram recursos no mercado externo, como a Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Petrobras, todas foram bem-sucedidas em suas operações. Acredito que a OGX não vai perder nada com isso, só vai ganhar, já que o dinheiro poderá ser utilizado em investimentos para tornar a companhia mais competitiva", acredita Luiz Antonio.

A OGX Petróleo e Gás foi criada em 2007 para participar da 9ª rodada de licitações de áreas de petróleo do governo brasileiro, na qual adquiriu 12 blocos por cerca de US$ 1,4 bilhão. No início, os especialistas criticavam a aquisição por não terem certeza se os blocos realmente continham expressivo volume de petróleo, mas ao passar do tempo a companhia foi mostrando força no mercado, principalmente o acionário. Hoje, analistas recomendam a compra das ações da companhia, prevendo um forte crescimento, que pode ser abalado com a crise.

A MPX Energia, outra companhia do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, já havia protocolado junto à CVM no dia 19 de dezembro de 2008, pedido de aprovação do programa de GDR, conforme aprovação tomada em Reunião do Conselho de Administração realizada no dia 5 de dezembro de 2008. Para a realização do programa, a MPX contratou o Banco Itaú como instituição custodiante e o Bank of New York Mellon como depositária dos recibos, as mesmas instituições que vão coordenar o programa da OGX.

DCI

Link: OGX adere a programa para captar recursos fora do País