Azul anuncia novas rotas e sinaliza com abertura de capital após turbulências

Em coletiva realizada na última terça-feira (10) para o anúncio de quatro novos destinos, a companhia aérea Azul fez revelações sobre as conversas com bancos públicos, planos para expansão da frota e programa de fidelidade de clientes, além de ter confirmado intenção de abrir seu capital no futuro.

Mesmo que os dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre participação no mercado ainda não apontem a Azul como uma das líderes no transporte aéreo, muito se espera da empresa fundada por David Neeleman, conhecido pelo sucesso ao fazer o mesmo com a norte-americana Jet Blue.

Mantendo o aeroporto de Viracopos (Campinas/SP) como base operacional, a empresa passará a oferecer vôos para Fortaleza/CE, Manaus/AM, Navegantes/SC e Rio de Janeiro/RJ, cujas operações serão iniciadas em datas diferentes entre os meses de fevereiro e abril.

O grande destaque fica por conta da ligação com a capital fluminense, inicialmente preparada para o aeroporto do Galeão. Todavia, a empresa conta com decisão favorável dos órgãos competentes e da justiça para ter como destino o aeroporto de Santos Dumont, utilizado na ponte aérea Rio-São Paulo.

De acordo com Pedro Janot, presidente da Azul, haverá definições sobre o financiamento pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de aeronaves da Embraer (EMBR3) até o dia 17 deste mês. Embora os rumores apontem para dificuldades na negociação, os diretores da empresa mostraram-se tranqüilos e afirmaram que não há problemas para adquirir aeronaves neste momento.

"Há aviões sobrando no mercado por conta da crise", disse David Neeleman, que também revelou um dos entraves na negociação com o banco de fomento: a quantidade de aeronaves incluídas no pacote de financiamento. "Nós queremos algumas, eles querem [financiar] mais", afirmou. Na coletiva também foi revelado que a empresa negocia linha de crédito com o Banco do Brasil.

Gianfranco Beting, diretor de marketing da nova aérea, ressaltou que a empresa projeta possuir 12 aeronaves até o meio deste ano – sete Embraer 190 e outras cinco do modelo 195 -, que poderão expandir-se para até 16 ao final do ano, no melhor cenário considerado.

"A GOL (GOLL4) possui a maior sobreposição das rotas adicionadas pela Azul", ressaltou o analista Luiz Otávio Campos, do Credit Suisse, que todavia ressalta ser o tamanho limitado da nova companhia um fator de limitação dos impactos sobre a primeira, bem como sobre a TAM (TAMM4).

Em sua avaliação, o recente desempenho inferior ao mercado dos papéis das líderes do setor é injustificado, especialmente depois da revelação de que o número de passageiros transportados cresceu 9,6% na comparação entre janeiro e o mesmo mês do ano anterior. Para o analista, um crescimento de um dígito já é positivo, frente à forte desaceleração econômica do país.

Questionado sobre uma eventual abertura de capital da companhia, Gianfranco Beting afirmou que a operação está descartada no momento, por conta da difícil situação dos mercados. Todavia, confirmou que a empresa tem sérias pretensões com relação ao IPO (Oferta Pública Inicial), após a superação da fase turbulenta na renda variável.

Infomoney

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