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Efeito psicológico favorável da redução dos juros

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A mudança de patamar dos juros básicos para apenas um dígito no Brasil, atingida ontem pela primeira vez, é emblemática e pode reforçar os investimentos e o consumo, na avaliação de especialistas. Muito mais pelo "efeito psicológico" do que pelo tamanho da taxa em si, que passou de 10,25% para 9,25% ao ano, ainda uma das mais elevadas do mundo.

– Esse processo não começou agora, mas em termos simbólicos (a taxa de juros abaixo de 10%) é o que importa. As pessoas podem se sentir mais seguras e consumirem mais, o que ajuda na recuperação econômica – afirmou o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) Carlos Thadeu de Freitas.

Para ele, o país começou a caminhar efetivamente para esse rumo a partir do Plano Real, em 1994, que estabeleceu os suportes da atual política econômica: regime de metas de inflação, câmbio flutuante e Lei de Responsabilidade Fiscal.

Desde que foi criada, em julho de 1986, a Taxa Selic já chegou a inacreditáveis 438.700% ao ano, em fevereiro de 1990, um mês antes do ex-presidente Fernando Collor assumir o comando do país. E, desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) foi instituído, em 1996, o pico da taxa foi em novembro de 1997, com 45,9% ao ano. No governo Lula, o pior momento foi entre fevereiro e maio de 2003, a 26,5% ao ano.

Freitas lembra, no entanto, que ainda existem obstáculos para que esse novo patamar de juros seja efetivamente sentido pela população, citando os elevados spreads bancários (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada aos consumidores finais).

O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, concorda que a taxa básica em um dígito vai estimular sobretudo o imaginário de empresários e consumidores, reforçando sua confiança.

– Essa notícia é muito importante para o público leigo, que acordou essa semana com uma recessão nas manchetes – avalia ele, referindo-se à retração da economia no primeiro trimestre, de 0,8%.

Mas os especialistas alertam que o Copom poderá voltar a subir os juros no próximo ano. Na avaliação da economista-chefe do ING, Zeina Latif, esse cenário é o menos provável, mas não pode ser descartado, diante das incertezas sobre a atividade econômica e a inflação. Para ela, o fato de a Selic ter sido reduzida a um dígito vai estimular os setores produtivos, sobretudo com investimentos. Um dos mais sensíveis é o da construção civil, lembra ela.

– O ciclo virtuoso (da economia) é reforçado – avalia.

O setor de infraestrutura também é beneficiado, pois a rentabilidade para os investidores tende a melhorar diante do juros menores. Ainda mais se descontar a inflação, lembra o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, o que levará o país a ter juros reais inéditos na casa de 5% anuais.

– Pode-se abrir espaço para que se invista em saneamento básico, cujo prazo para um retorno de capital é bastante longo.

OGlobo

Link: ‘Efeito psicológico’ favorável

Written by gandalfwizard

13 de junho de 2009 às 10:06

Publicado em Banco Central, Juros, Selic

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