Brasil registra déficit no comércio com a Argentina

O Brasil registrou, nos seis primeiros meses de 2009, o primeiro déficit semestral no comércio com a Argentina desde 2003. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, essa piora se deve, em parte, às medidas adotadas pelo país vizinho para barrar as exportações brasileiras.

No primeiro semestre, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 42,5%, para US$ 4,936 bilhões. Já a venda de produtos argentinos para o Brasil recuou menos –19,5%, para US$ 4,984 bilhões.

A diferença entre os dois números gerou um resultado de US$ 48 milhões a favor da Argentina, o que não acontecia em um primeiro semestre desde 2003, quando o resultado negativo para o Brasil foi de US$ 500 milhões.

O governo brasileiro estima que 14% das exportações do Brasil para o país vizinho estejam sendo afetadas pela imposição de barreiras comerciais. Algumas dessas restrições, como as chamadas licenças não-automáticas, podem representar um atraso de cerca de 60 dias na entrada do produto no outro país.

De acordo com reportagem publicada na edição de hoje do jornal Valor Econômico, o Brasil estaria disposto a adotar medidas semelhantes contra o parceiro comercial do Mercosul.

Ao comentar os números da balança comercial divulgados hoje, o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, afirmou que ainda não há uma posição fechada sobre isso no governo brasileiro, mas disse que a situação é preocupante.

Segundo Barral, a imposição dessas barreiras afeta, principalmente, setores como a indústria têxtil, de calçados, eletrodomésticos da linha branca e móveis. Nessa última, as vendas caíram mais de 50% neste semestre.

"A situação com a Argentina é preocupante, principalmente nesses setores. Qualquer parceiro comercial que queira ter acesso ao mercado brasileiro tem de garantir aceso ao seu mercado em bases recíprocas", afirmou.

Representantes dos dois países devem se reunir no próximo dia 14 para discutir questões comerciais, em uma reunião em Brasília.

A adoção dessas medidas se dá em um momento de forte desaceleração no comércio dentro do bloco econômico. Além do protecionismo, o comércio da região também está sendo afetado pela queda na demanda provocada pela crise econômica.

Segundo dados da balança comercial, as exportações brasileiras para o Mercosul caíram 40,3% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A Argentina, por exemplo, responde agora por 7% das exportações brasileiras. No começo de 2008, a participação era de 10%. Em relação às importações, o Brasil está comprando 17% a menos dos países da região.

Folha

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