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Provisões para perdas com crédito do Itaú Unibanco quase dobram

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O Itaú Unibanco elevou o saldo de provisões para devedores duvidosos em 96% nos últimos 12 meses até junho, para R$ 22,915 bilhões, devido ao forte aumento da inadimplência. "As perdas com crédito foram muito elevadas no início do ano", disse o presidente da instituição Roberto Setubal, em evento com empresários em São Paulo.

O executivo revelou que a inadimplência foi a grande vilã dos resultados do banco no segundo trimestre e negou que os custos da fusão do Unibanco com o Itaú fossem os responsáveis pelo recuo de 8% no lucro líquido da instituição no período, como foi revelado logo pela manhã. "A maior influência está relacionada com a inadimplência e não com a fusão", destacou.

Quando questionado sobre os balanços melhores de bancos concorrentes, Setúbal afirmou que a diferença se deve aos resultados extraordinários registrados pelos rivais. "O Itaú Unibanco não vendeu nenhum ativo que contribuísse para o resultado. Se retirássemos esses resultados extraordinários (dos demais bancos), todo o sistema financeiro brasileiro teria mais ou menos o mesmo resultado", explicou o executivo.

Esta situação realmente pode ser verificada nos resultados divulgados hoje pelo Itau Unibanco. No período de abril a junho, o banco acumulou um lucro líquido de R$ 2,571 bilhões, enquanto no mesmo trimestre do ano passado havia registrado R$ 2,797 bilhões. Ao se excluir eventos extraordinários, observa-se que o lucro recorrente no segundo trimestre ficou em R$ 2,429 bilhões, praticamente o mesmo volume na contabilização com eventos extraordinários do período.

Na opinião de Setúbal, a atual situação da economia brasileira, por outro lado, indica que os níveis de inadimplência tendem a cair nos próximos meses, o que significaria resultados melhores para o sistema financeiro. "A queda no lucro do Itau Unibanco é natural. Estamos em uma situação ainda difícil, a inadimplência é alta, mas a economia está reagindo e a tendência é de melhora", afirmou, projetando níveis de inadimplência equivalentes aos anteriores à crise, já para o ano que vem.

As provisões para devedores duvidosos da instituição, por consequência, também deverão ser reduzidas. "O quanto (deve se reduzir) ainda é uma incerteza muito grande", ponderou Setúbal. No segundo trimestre, as despesas com provisões para liquidação dos créditos mais arriscados registradas pelo banco somaram R$ 3,790 bilhões (já considerando a recuperação de crédito), volume 10,7% maior do que o reservado entre janeiro e março.

Mesmo com os altos patamares de inadimplência, no entanto, o Itaú Unibanco mantém suas projeções de crescimento da carteira de empréstimos. Segundo afirmou Setúbal, no fim deste ano poderá ser verificado avanço de cerca de 15% na carteira total de crédito da instituição, excluindo-se as empresas grandes e as operações externas.

O destaque, neste sentido, continuará sendo as pequenas e médias empresas. "Acreditamos no mercado das pequenas e médias empresas. Elas serão importantes no crescimento do país nos próximos anos e queremos estar próximo delas", explicou o executivo, confessando, no entanto, que no curto prazo é este mercado o mais arriscado em termos de calote. "É um investimento de longo prazo o que fazemos", completou.

No segundo trimestre, os empréstimos para pequenas e médias empresas apresentaram alta de 5,3% ante março, para R$ 54,3 bilhões. O crédito para as empresas em geral diminuiu 4,5% no período, para R$ 145,9 bilhões, puxado pelas grandes empresas.

Outra tendência que Setúbal enxerga para o mercado bancário brasileiro é a queda dos spreads. "A tendência de queda de spread no Brasil é inexorável. Isto já vem ocorrendo e deve continuar nos próximos meses", afirmou contundentemente. Apesar disso, no entanto, o executivo reiterou que a política dos bancos públicos de redução forte nos spreads, principalmente durante o ápice da crise, não deve ser mantida por muito tempo. "As taxas de spread que estão sendo praticadas pelos bancos públicos não são sustentáveis", enfatizou.

Valor

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Written by gandalfwizard

11 de agosto de 2009 às 19:09

Publicado em Aquisição, Itaú, Unibanco

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