Investidor Informado

Just another WordPress.com weblog

Pressionadas, construtoras e incorporadoras negociam fusão

leave a comment »

Conversas incluem companhias que abriram capital recentemente, como Company, Agra, Tecnisa e Even

Ao divulgar os resultados ontem, a construtora Company não escondeu do mercado suas intenções. O diretor financeiro e de relações com investidores, Luiz Rogelio Tolosa, disse que a empresa deverá se fundir com uma concorrente de mesmo porte ou um pouco menor. E que essa eventual operação poderia ocorrer ainda neste ano. “Por já termos cinco sócios, juntos há mais de 20 anos, entendemos que somos candidatos a esse processo (de consolidação)”, afirmou Tolosa.

A revelação é um sinal de novos tempos nessa indústria. A Company não está sozinha. Segundo o Estado apurou, quase todas as empresas do ramo já discutiram, pelo menos internamente, possibilidades de venda, fusão ou aquisição.

A incorporadora Agra foi oferecida à construtora Tecnisa, segundo fontes do setor imobiliário. A Tecnisa, por sua vez, teria desistido da proposta porque a Agra estaria negociando com outra companhia. A Tecnisa negou que tenha conversas formais sobre operações do gênero. A reportagem procurou a área de relações com o investidor, mas não obteve resposta até o fechamento da edição. “Esse mercado está igual festa de adolescente. Todo mundo quer namorar todo mundo”, diz o executivo de uma construtora.

A concentração é um fato inevitável. O Brasil tem 21 empresas do ramo listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os Estados Unidos tem menos de 10. Os dados não deixam dúvidas: vão sobrar poucas construtoras e incorporadoras de capital aberto no País.

Esse é um setor que vai exigir cada vez mais capital intensivo. Enquanto o mercado estava aberto para captação de recursos, a situação era mais tranqüila. Agora, com a retração dos investidores, as empresas serão vendidas ou obrigadas a juntar forças para crescer.

A questão é como isso vai acontecer. Segundo executivos do setor, grandes empresas como Gafisa, Cyrela, MRV e Rossi estariam apostando numa queda do valor de mercado das companhias médias para fazerem suas ofertas de compra mais adiante. No ano passado, circularam rumores sobre o interesse da Cyrela pela Company. O forte da Company é a construção, o que faria bem para a empresa fundada por Elie Horn, segundo fontes do mercado.

Na teoria, a fusão entre empresas de porte semelhante como Agra, Company, Even e Tecnisa pode até ser boa sob o ponto de vista econômico. Mas, na prática, juntar empresas com múltiplos (lucro dividido pelo preço da ação) parecidos para aproximar-se das maiores, como quer Tolosa, pode não ser tão simples quanto parece.

Os executivos apontam que a grande barreira é a vaidade dos empreendedores. “Nesse setor todo mundo está acostumado a mandar. Se houver fusão, um vai ter que mandar e outro, abaixar a crista”, diz um executivo de uma grande construtora. “Uma coisa é você obedecer alguém melhor. Outra é obedecer alguém igual.”

O próprio diretor financeiro da Company reconheceu que a união de empresas depende de fatores como preço, complementaridade, mercados de atuação e ego. “As fusões nesse setor estão sendo pensadas de uma foram um pouco afobada. É preciso que as empresas demonstrem sinergia. Dois e dois nem sempre são quatro”, diz o consultor econômico na área imobiliária, Mauro Peixoto.

Nem todas as companhias do porte da Company são complementares. Há várias combinações possíveis. Juntar Agra e Company pode ser mais simples porque ambas não são familiares. “Se a Cyrela, que tem participação relevante na Agra, vende a sua parte, facilitaria a operação”, acredita um executivo. “Seria uma fusão de iguais.”

A união de EZTec, Agra e Even também poderia fazer sentido, segundo empresário ligado a uma dessas empresas. O problema é que a EZTec, embora tenha capacidade de construção e capital, está com as ações depreciadas. Até ontem, seus múltiplos eram menores que o das outras duas.

Estado

Link: Pressionadas, construtoras e incorporadoras negociam fusão

Written by gandalfwizard

25 de fevereiro de 2008 às 14:38

Publicado em Company, Even, Tecnisa

Deixe um comentário